quarta-feira, 20 de agosto de 2008

32 IDÉIAS DIVERTIDAS QUE AUXILIAM O APRENDIZADO


Vania D'Angelo Dohme
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Deixamos de ver a escola apenas como conteudístas, preocupada em entupir a criança e o jovem de informações, mas como agente formador de um ser pleno, capaz de usar estas informações para viver de forma harmônica e construtiva na sociedade

O que levou uma publicitária formada em Ciências Jurídicas a escrever 32 Idéias, um livro para educadores do ensino fundamental?
Uma vocação para educadora e uma paixão por crianças. Na verdade, trabalhei muitos anos com ludoeducação para a formação de valores éticos e sociais e o desenvolvimento de habilidades e com isso desenvolvi a convicção que esta metodologia (educar através do brincar) funciona. Porém o jogo, o brincar, ainda não conseguiu "entrar pela porta da frente" da sala de aula, com isso eu quero dizer: ser considerado seriamente como um instrumento educacional. Este livro, entre outros, é uma tentativa de colaborar com uma educação mais ativa, participante e que respeite a criança e o "seu mundo".
O que são os temas transversais e qual a importância destes para a educação?
Os temas transversais aparecem nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental e são eles: ética, meio ambiente, saúde, educação sexual e pluralidade cultural. Como o nome mesmo diz, eles atravessam as diversas disciplinas. Assim quando o professor estiver ensinando história, por exemplo, ele deve se preocupar com o impacto que certos fatos estão causando na formação de conceitos de pluralidade cultural e ética, como discriminação, cooperação e solidariedade.

A importância que a abordagem de temas transversais tem para a educação, ao meu ver, é grande. Deixamos de ver a escola apenas como conteudístas, preocupada em entupir a criança e o jovem de informações, mas como agente formador de um ser pleno, capaz de usar estas informações para viver de forma harmônica e construtiva na sociedade.

A ludo-educação não é uma idéia nova, porém percebemos que é algo perdido em nossa sociedade ao longo dos anos. Você acha que esta deveria ser uma matéria curricular para os futuros educadores?
Indiscutivelmente, acho que a ludo-educação deverá fazer parte do currículo dos cursos de pedagogia e demais cursos que formam educadores. Os motivos são tantos e, alguns deles, óbvios. Se entendermos que o processo de ensino-aprendizagem é um processo de comunicação, qualquer comunicador sabe que para fixar um conteúdo precisamos usar a linguagem apropriada ao nosso "cliente". Como acreditar que nosso "cliente-aluno" quer ficar horas e horas sentado em uma carteira, sem poder se comunicar, escutando algo que ele não vê aplicação imediata? A criança gosta de brincar, de fantasiar, de atender a desafios, participar enfim. O brincar faz parte de sua vida, é um exercício de viver em sociedade, assim é o jogo é o veículo indicado para ser usado para a transmissão da comunicação que desejamos.

Juntar as regras e o atrativo das brincadeiras aos conteúdos teóricos que desejamos transmitir é quase uma arte, que pode e precisa ser ensinada. Já existe muita gente fazendo isso, tanto em trabalhos científicos como em iniciativas práticas como as oficinas promovidas pela própria Editora Informal.

O que não pode faltar, ao seu ver, nas escolas e nos profissionais da educação para uma aprendizagem mais saudável?
A questão de valores. Eu não consigo acreditar em uma sociedade produtiva, saudável e igualitária se os cidadãos que a compõem não tem uma firme e consciente escala de valores para apoiar os seus atos. Afirmaria, então, que o conteúdo indispensável são os valores.

Quanto a metodologia que pode propiciar uma escola mais saudável, é aquela que coloca o aluno no centro da ação, provocando a pesquisa, a investigação, propiciando a interação aluno-aluno e respeitando as características individuais de cada um. E, sendo até um pouco repetitiva, o jogo é uma ferramenta capaz de provocar todas essas situações.

Trabalhando há 30 anos com movimentos educacionais, o que é prioritário para a melhoria da qualidade na educação do brasileiro?
Esta pergunta é de uma amplitude tão grande que me causa uma sensação de incapacidade para respondê-la.

Primeiro porque é indissolúvel a ligação entre a educação e os problemas sociais brasileiros, a criança que tem fome, que mora longe da escola, que está doente e não tem ao seu alcance o socorro adequado, como poderá ser educada, de que adiantará tantas filosofias pedagógicas?

Em relação a educação temos que pensar nas políticas públicas: o professor não pode ganhar mal, tem que estar atualizado. Temos que pensar na formação dos professores: Existirá vontade de ousar? Existirá coragem para romper com o estabelecido? Temos que pensar no conteúdo, será que o saber tem supremacia sobre a formação do ser pleno, participativo e feliz?

Acredito ainda que a educação não é processo isolado que está restrito à escola. Acho que todos nós temos um compromisso em preparar o homem que gerirá o mundo amanhã, cada um dentro do seu papel é um educador, não só o que tange aos nossos filhos, mas a todos as pessoas que, de uma maneira ou de outra influenciamos. Temos que assumir um compromisso com o futuro no exercício de nossa profissão, em aulas que damos, em palestras e entrevistas que participamos, em artigos que escrevemos, e no próprio contato pessoal do nosso dia a dia, não há duvidas que o futuro receberá influência da herança que deixaremos, e acredito que cada um de nós se sentirá muito orgulhoso de poder ter deixado, mesmo que em um proporções muito pequenas, um mundo um pouco melhor do que aquele que conheceu.

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Vania D'Angelo Dohme - Formada em Ciências Jurídicas e Sociais e Pós-Graduada em Marketing. Há 30 anos trabalha voluntariamente com crianças em movimentos educacionais que visam uma formação em valores éticos para o desenvolvimento pessoal e a cooperação, tendo sempre como pano de fundo o lúdico. Há 22 anos atua na capacitação de voluntários adultos que lideram programas de jovens e crianças

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